quarta-feira, 4 de junho de 2014

Copa o ano todo


O que estamos vendo nas ruas, avenidas, praças, parques e esquinas de Porto Alegre nos últimos dias, é algo que está sendo muito comentado, porque assim acontece com toda a novidade. Mas, o fato em questão - a presença de policiais circulando em uma cidade - jamais deveria ser uma novidade e, sim, uma condição normal e cotidiana.
Segurança é um direito da população e dever do Estado.
Mas a triste realidade é constatar que isso está acontecendo agora, somente às vésperas da Copa do Mundo, mesmo com um Rio Grande do Sul assolado pela criminalidade, que precisa de policiamento ostensivo e atuante diuturnamente.
Isso me leva a pensar que, assim que soar o apito final do último jogo, acabou-se a maravilhosa sensação de segurança que estamos sentindo na Capital.
E usando um cobertor curto, diversos municípios gaúchos ficam desfalcados em seus já rasos efetivos, pelo deslocamento de mais de 2 mil policiais para Porto Alegre, a fim do cumprimento da Operação Copa do Mundo pelo governo estadual.
Foi-se o tempo em que as cidades do interior eram sinônimos de paz e qualidade de vida. Lá, as estatísticas da criminalidade vêm aumentando, pois os criminosos encontraram um novo campo fértil para suas ações, fora da saturada Região Metropolitana de Porto Alegre.
A Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul, a Famurs, chegou a pedir ao governador Tarso Genro, a suspensão da medida de cedência de policiais, conhecedora da real situação do interior e do que essa falta de efetivo pode provocar. Sugeriu que o governo acionasse a Força Nacional, como outros estados com cidades-sede fizeram, e que as pequenas e médias cidades do interior com menos de 10 mil habitantes fossem preservadas, o que não aconteceu.
Sabemos que a junção de forças entre as polícias estaduais de segurança, a Guarda Municipal de Porto Alegre e as polícias Federal e Rodoviária Federal, além do Corpo de Bombeiros, é necessária numa movimentação de tão grande porte.
É claro que todos nós queremos um evento sem transtornos e registros de ocorrências. Queremos que as pessoas de fora levem só coisas boas daqui, mas queremos ainda mais a plena segurança do cidadão porto-alegrense após a Copa. Para isso, o governo estadual tem que prover a nossa Brigada Militar em um dos principais aspectos que refletem diretamente na nossa segurança, que é a recuperação do efetivo de policiais previsto, que é de 35 mil, em números arredondados. Mas há muito que essa matemática da polícia militar gaúcha não fecha.
A BM já teve proporcionalmente mais contingente quando a população gaúcha era menor, e, atualmente, tem a maior defasagem em seu efetivo.
A tropa hoje é formada por cerca de 23 mil PMs, número semelhante ao existente no início dos anos 80, sendo que  a população gaúcha cresceu 38,9% entre 1980 e 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O atual déficit é de 12 mil homens a menos nas ruas do Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre a falta é de quase 2.000, o que mostra a necessidade da manutenção de concursos, bem como o cumprimento das chamadas dos aprovados.
Outro aspecto impostante é a valorização das remunerações. Por aqui, temos o quinto pior salário dos estados brasileiros, na casa dos 2 mil reais com as vantagens, porém com um básico de R$720,00. Quanto a isso, nem vou tecer comentários, pois teria que falar em dignidade e respeito.
Só espero que o modelo de segurança estruturado para a Copa do Mundo de Futebol e os benefícios a olhos vistos que ele está trazendo, se estabeleçam um dia na rotina do porto-alegrense, cansado de ver diariamente vidas perdidas para a violência e prejuízos de toda a ordem como consequências de homicídios, latrocínios, roubos, furtos e sequestros, que, lamentavelmente, já não tem hora nem local para ocorrer


Brigadianos em ação nas ruas do Rio Grande do Sul
      








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