domingo, 27 de novembro de 2011

Operários Da Noite


Sábado de madrugada. O telefone toca.Dou um salto da cama e logo olho para a porta do quarto do meu filho. Está fechada.Que alívio!
Então, ele já havia chegado da festa. Quem tem filho jovem sabe bem o que isso significa...
Passado o primeiro susto, corro atender o telefone, temendo receber uma má noticia, pois quem ligaria a esta hora da noite?
Do outro lado da linha a voz do porteiro do prédio situado em frente à minha casa.Ele informava que meus dois cachorros haviam fugido.
Acordei depressa meu marido que, como é da natureza masculina, questionava o ocorrido. Enquanto assim ele agia, eu vestia rapidamente um abrigo e uns tênis por cima da camisola.Fazia frio, um friozinho próprio das madrugadas.
Parti então na busca da minha dupla canina.
Fui escoltada pelo Felipe que acordou com a confusão armada.
Eram 3 horas da manhã.Dirigia pelas ruas escuras e quase desertas do meu bairro, enquanto observava tudo ao meu redor.
Conheci,naquele momento, um universo até então completamente desconhecido para mim - durmo cedo, muito cedo, sou diurna e nada noturna - homens e mulheres que trabalham na calada da noite.
São jornaleiros, vigilantes, porteiros, frentista, taxista, lixeiros, motoboys... que fazem parte da rotina noturna da nossa cidade, e por que não dizer, das nossas vidas? Percebi, naquele momento, o quanto somos dependentes daqueles profissionais noturnos!
Na procura da Frida e do Dimas, meus preciosos cachorros, falei com um, com outro, com muitos trabalhadores e senti a solidariedade dessas anônimas pessoas, que partilhavam conosco a angustia pelo desaparecimento de nossos bichos, como se fossem deles.
O mais surpreendente de tudo, é que esses operários da noite executam o seu oficio com disposição, bom humor e educação, enquanto a população dorme embaixo de cobertas quentinhas.
Diante do quadro que presenciava, fiquei a pensar que tem tanta gente que acorda de mal-humor, o que nessa hora me parece inaceitável.
Depois disso, aprendi que por de trás do jornal que chega nas primeiras horas da manhã em nossa porta, da lata do lixo vazia, do vigilante que guarda o nosso sono, do motoboy que entrega o remédio solicitado de uma farmácia, está o ser humano, cumprindo com maestria a sua tarefa e ainda prestando auxilio aos “intrusos” daquele espaço que, como eu, por exemplo, naquela noite aparecia por ali.
Foi com  ajuda de dois jornaleiros que encontrei a Frida.O Dimas apareceu sozinho, no portão de casa, no amanhecer de um novo dia, para mim, que muito aprendi com esses operários da noite.

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