quarta-feira, 20 de julho de 2011

  
Adeus no dia do amigo


Estive na despedida do Clóvis Duarte. Confesso a vocês que não foi uma coisa fácil para mim, porque além de gostar muito dele como pessoa, admirá-lo profissionalmente, tenho também o vinculo afetivo com suas filhas e sua ex-mulher. Havia muita gente no crematório e foi dificultoso chegar até a família, que estava em volta do caixão. Passada a legião de amigos, todos num misto de tristeza e inconformidade com a precoce partida do Clóvis, logo me vi na frente da Vanessa, filha do meio, que estava amparada pelo marido, o Beto Müsnich, que é amigo dos meus irmãos. Depois, fui em direção da Natasha, que, quando me viu, se lançou num abraço tão apertado e longo, que pude sentir todo seu corpo tremer pelos soluços de um choro sofrido. Eu não consegui falar nada. Penso que tem momentos na vida da gente que só o silêncio consegue exteriorizar a nossa tristeza, e ela, de cara, captou isso. Me comove essa sensibilidade que algumas pessoas tem. Quando pude enxugar um pouco da sua face molhada pelas lágrimas, ela olhou para o lado, como se estivesse procurando a Juliana. Foi então que minha voz saiu e falei que ela não sabia de nada, pois estava viajado com o marido, e a Natasha, numa preocupação que só os amigos de uma vida toda tem, pediu que eu só contasse a ela quando chegassem aqui em Porto Alegre. Não falei nada quando ela ligou para dar notícias e saber da Martina.Também ontem, não postei nada no blog, porque sei que a Juliana, onde estiver, acompanha todos os meus posts. Então esperei chegar perto da volta dela para fazer esse tributo ao Clóvis. Garanto que o professor sorriso, como era conhecido, concordaria. É, eu não conhecia ninguém tão de bem com a vida como ele.


Fui ao encontro da Tatiana, que administrava a dor para conseguir consolar muitas pessoas que dela se aproximavam. Perguntei pela sua mãe e ela apontou o caminho. Acho que não dei quatro passos e logo vi a Marza, com aquele seu jeito meigo e espontâneo abrindo os braços para receber um abraço. Minha nossa! Ela continua igual, querida, serena, firme  e solidária! Me contou que vai voltar a morar em Porto Alegre - faz muitos anos que estava residindo em Nova Petrópolis - para ficar mais perto das filhas que perderam o pai e o grande amigo. Relembramos a época das meninas, quando a Marza e o Clóvis moravam na rua Coroados no bairro Tristeza, das festinhas delas, que nos revezávamos para levar e buscar, dos veraneios, dos namoros, escolha das profissões e o Clóvis sempre presente em tudo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.