segunda-feira, 4 de julho de 2011

O bairro das minhas lembranças

  
 
Domingo de noite é que terminei de ler os jornais do final de semana. Explico: fui a uma festa neste sábado à noite e cheguei tarde em casa, o que me fez dormir mais do que o normal.É que a minha família é grande e juntar todos em uma festa requer uma certa organização para que estejam em Porto Alegre. Então, conseguimos reunir filhos, genros, noras, netos e suas namoradas e namorados, esposas e maridos, mais os bisnetos e sogros dos filhos na casa do João Pedro e comemoramos em grande estilo o aniversário do meu pai. O que de início era para ficar numa comemoração pequena, ganhou proporções maiores a pedido dos netos, que queriam fazer homenagens ao avó. Acho que tinha umas cinqüenta pessoas. A ala miúda que é composta pelos filhos do João Pedro e do meu outro irmão João Paulo, apresentaram um show cantando e tocando instrumentos como bateria, guitarra e violão. Foi um espetáculo assistir a gurizada super compenetrada na apresentação. A Martina, por conta própria, foi para o meio da sala e começou a dançar. A Juliana pedia para ela parar, porque podia ficar tonta, e ela nem bola, continuou a rodopiar em círculos e a bater palmas. A Marcela, encantada, assistia a tudo no colo do Marcelo.O Arthur, de três anos (filho do meu sobrinho Leandro e da Clarissa), logo que teve uma oportunidade ,ocupou lugar na bateria, carregando com ele a Martina. A Júlia, que tem quatro anos e é filha da minha irmã mais moça, estava animada com a folia e cantarolava junto com os mini músicos.
Creio que em toda família tem aquele que organiza um aniversário, jantar, enfim, os encontros festivos. Na minha não é diferente e a Cristina é que tem esse dom da decoração e organização. Havia até uma recreacionista que foi convocada pela Martha para distrair os pequenos na hora do jantar. Eles brincaram do início ao fim do aniversário. E o que foi mais legal é que compartilharam as brincadeiras com respeito e afeto.Vi que eles sabem esperar a sua vez e cuidam um dos outros. Minha mãe encomendou a torta Olga, que sempre faz sucesso e que eu gosto muito.

Voltando aos jornais, quero dizer que li a matéria sobre o bairro Moinhos de Vento e voltei no tempo. Aquele local faz parte da história da minha vida, pois cresci ali. Ainda hoje, quando vou ao bairro por algum motivo, sempre dou um jeitinho de olhar o edifício em que morei e confesso que fico feliz que meus pais ainda são os proprietários, pois é como se fosse um tesouro que guarda segredos e momentos importantes que quero preservar. Depois de ler, fechei os olhos e recordei da minha adolescência no apartamento do edifício da Avenida 24 de Outubro. Eram três prédios da família Ibanez. O nosso apartamento eram dois transformados em um de andar inteiro, para comportar os sete filhos dos meus pais. Era muito grande, tinha cinco quartos, duas salas, uma copa, cozinha ampla, despensa, quartinho de costura, armários embutidos, um corredor comprido e banheiros enormes. Lembrei do Colégio Bom Conselho, das missas na capela Nossa Senhora do Bom Conselho, das bandeirantes e das minhas amigas de rua: Elsa San Vicente, Juca Macedo, Ana Beatriz Brenner Lima, Ana Khrae, Beatriz Barcellos, Maria Rita e Denise Velho; dos dias em que podíamos brincar de esconder com a turma de guris que estudavam no Rosário e eram escoteiros; do Joe's, que era o ponto de encontro depois das aulas do Bom Conselho, Anchieta, Rosário, Farroupilha e Cônicas - era a oportunidade que tínhamos para conhecer os rapazes e namorar; das festinhas na casa das meninas. Do posto de gasolina da 24; da confeitaria Thompsom; da Galeria Moinhos de Vento, que foi o primeiro centro comercial chique de Porto Alegre; da famosa loja Saco e Cuecão; do clube Leopoldina Juvenil e de seus bailes de debutantes.
Lembro da torrada americana que a minha avó Alice Ibanez  fazia como ninguém. Dos almoços na casa dela, que reunia a família todos os domingos e onde também uma vez por semana os filhos com os netos iam jantar - era o encontro dos primos e descíamos para a Vila Jardim Cristhofel e lá ficávamos conversando por horas a fio. O interessante é que lembro bem dos pratos das minhas sobremesas preferidas - os fios de ovos num pote de cristal e o manjar branco numa porcelana branca em formato de peixe. Fui além da minha época de guria, puxei da memória minha vida de recém casada e mãe da Juliana, que freqüentava muito a pracinha do bairro Moinhos de Vento nos dias que eu almoçava na casa dos meus pais. Logo que casei eu morei na rua Vasco da Gama, que é só subir um pedaço da Miguel Tostes que chega na Avenida 24 de Outubro, então, fazia isso empurrando o carrinho da Juliana.
Foi nesse verão em Torres, que, junto com as minhas irmãs Angela,Inês, Martha e Cristina, prevendo as facilidades do bairro e a idade avançada dos nossos pais, que eu trouxe a baila o assunto da mudança deles para o Moinhos de Vento. Mas, ficou claro que eles gostam de morar no endereço atual, pertinho de mim e de todos os filhos e que estão satisfeitos por essa proximidade com a gente.Mesmo sabendo que eles aproveitariam mais as facilidades do Moinhos, eu resolvi não insistir, pois penso que a nossa casa é o nosso porto seguro.

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