segunda-feira, 25 de julho de 2011

Regras básicas de segurança e afeto

Quando a Juliana e o James chegaram na minha casa contando sobre uma viagem que queriam fazer, embarquei com tudo no projeto deles, de corpo, cabeça e coração. Eles são muito organizados. Primeiro compraram um apartamento maior e melhor, depois decoraram e agora iriam viajar. Tudo foi planejado com muita antecedência. Escolheram a data compatibilizando três agendas de trabalho: a do James de médico, a da Juliana de advogada e a minha de comunicadora. Conversaram comigo há uns três meses atrás para saber da minha disponibilidade de ficar com a Martina e se sim, qual seria a melhor semana de julho. Juntos, escolhemos de 17 a 23.

Feitas as combinações, acertados os detalhes para eu assumir o comando dos cuidados com a Martina nesse período que eles estariam fora, aqui em casa todos já estavam eufóricos e faziam mil planos. O tempo foi passando e a data do embarque cada vez estava mais próxima. Comecei a preparar o quarto que era da Juliana para acomodar a pequena, mas sentia que algo me incomodava muito: era a piscina. Mesmo com o portão fechado que separa o jardim da área da churrasqueira, onde fica a piscina, e mais uma porta de grade da casa para a rua, ainda contando com o competente cuidado da Priscila - babá da Martina - que não desgruda dela nenhum minuto, ou seja, estando tudo dentro da mais perfeita regra básica de segurança quando se tem uma criança de quase dois anos, eu continuava me sentindo estranha em relação a vinda dela. Foi aí que um belo dia acordei decidida a não trazê-la para cá. Eu é que iria para o lá.

Tomada a decisão, faltava comunicar ao Alexandre e ao Felipe, que aguardavam ansiosos a chegada da Martina. Eu sabia que não podia me deixar comover pelos apelos do tio e do avô, então, fui categórica no aviso que dei na hora do almoço: “Em função da piscina, eu vou me mudar para a casa da Juliana e ficar com a Martina. Preciso sair para trabalhar tranqüila”. Como eu supunha, pai e filho reclamaram um pouco, mas entenderam minhas razões.

O engraçado é o excesso de palpites que são inevitáveis numa situação dessas. Parece que o fato de eu ser “uma avó marinheira de primeira viagem” desperta automaticamente uma espécie de ansiedade nas pessoas.Todo mundo tinha um conselho para me dar. A minha família, que é grande em tamanho e disponibilidade, queria muito participar com idéias e ações. As minhas amigas deram mil dicas fundamentais. Claro que todos queriam ajudar. Escutava e agradecia, dispensando o auxilio. Passar uns dias só com a Martina me pareceu tudo que eu estava precisando. A pureza dela sempre me faz um grande bem.

Chegado o dia do embarque do James e da Juliana, fui para o apartamento deles com duas malas, que era para não me faltar nada, uma com roupas e outra com material de trabalho. Logo senti o clima do casal que estava completamente dividido entre passear e namorar e já sentindo saudade da filha por antececipação. Normal isso, afinal era a primeira viagem deles depois do nascimento da Martina. Resolvi entrar em ação para facilitar aquela despedida. Larguei as coisas no chão perto da porta de entrada e abri os braços para que a Martina viesse para o meu colo numa corrida, rindo e me abraçando. Como ela é apaixonada por mim, então segredei no seu ouvido que se despedisse do papai e da mamãe que eles iriam viajar e nós sairíamos para passear. Ela prontamente beijou os dois que ficaram surpresos com o desprendimento da pequena.

Foi uma delícia absoluta para mim, ficar com a Martina. Nos sentimos totalmente íntimas! O vínculo que existia entre nós, ficou ainda mais forte por eu estar ali, desde o despertar até o adormecer dela. Brincamos muito de boneca sentadas no chão do quarto dela. Montamos quebra cabeças e desenhamos todos os bichos que eu sabia fazer. Contei histórias que ela escutava com muita atenção. Assistimos filmes de desenhos enroladas nas cobertas deitadas na cama.Todo o dia fazíamos um programa e, lugares legais para a Martina explorar. Teve uma tarde - a única que não choveu - que passamos no Parcão atrás das pombas e foi muito bom ver o sorriso estampado naquele rosto lindo e escutar suas gargalhadas. Em casa, a folia era grande na hora de escovar os dentes, no banho também e na hora de dormir, bem abraçadas. O difícil era colocá-la no berço.

Nos dias de aula de ginástica saía direto da rádio Pampa e buscava a Martina e a Priscila para irem junto na academia. É que lá tem o espaço Kidd’s, para os pequenos brincarem enquanto os pais fazem exercícios. Além das brincadeiras, tenho por hábito conversar com a Martina e sinto que ela gosta muito disso e o que é fantástico, entende tudo.

A Priscila e a Rose, dupla de assessoras do lar que a Juliana e o James tem, são especiais. Elas me deram toda a cobertura que precisava para cumprir meus compromissos de trabalho. A Priscila é uma jovem responsável e amorosa com a Martina, cuida da menina com uma dedicação de dar gosto e eu saía para trabalhar super segura. A Rose pilota a cozinha com uma competência, que só comendo os deliciosos cardápios dela para entender do que falo.

Na sexta-feira às 22h, o James e a Juliana chegaram de viagem e eu voltei para minha casa. Os dias em que fiquei com a Martina foram bem tranqüilos. Vivemos cada momento dessa nova experiência com muita intensidade e alegria. A felicidade era enorme, mas a responsabilidade também era grande. A partir desse contato com um serzinho tão pequeno, eu me reconstruo. Penso que é a necessidade de viver perto de quem se ama, de estimular a convivência, a troca de experiências. Sábio aquele que souber aproveitar esse efeito, essa magia.

Prontas para passear
Andando de balanço no Parcão
De banho tomado 
 Vendo televisão
Dormindo na minha cama











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