sexta-feira, 22 de abril de 2011

Diário da minha Sexta-feira Santa

Estou em Porto Alegre. Já faz algum tempo que decidi não mais viajar nos feriados. A idade traz sabedoria, e, por conseqüência natural, nos ensina a evitar situações incomodativas. Em função do grande número de pessoas que viajam para a serra e o litoral, as estradas entopem, tornando a saída e a volta um verdadeiro calvário. São muitos carros circulando nas rodovias, que recebem poucos investimentos e contribuem para a lentidão e problemas no tráfego.Também a falta de estrutura da nossa rede hoteleira e dos restaurantes, com raríssimas exceções, tornam o atendimento aquém do desejado e há filas para tudo, coisa que dispenso no meus dias de descanso. Então, estou curtindo as maravilhas da capital na santa paz do feriado de Páscoa. Hoje muito cedo, junto com o Nilton Fernando e o Pedro da Fonseca, fizemos mais um Pampa Bom Dia, em plena sexta-feira Santa, sempre comentando as notícias do dia, porque o rádio não pode parar. Durante o programa o Paulo Giovani, da mesa de áudio, sabendo que  gosto  do conjunto musical Renato e seus Blue Caps, colocou para rodar uma seleção de músicas deles, que estão entre as minhas preferidas. Elas fizeram parte da minha adolescência nos anos 70, foi ótimo ouví-los já no começo do dia. Na saída da sede da Rede Pampa de Comunicações, encontrei o Vereador Dr. Humberto Goulart, que hoje é secretário de Habitação da capital. É um querido amigo desde a época que fomos colegas na Câmara Municipal. Conversamos um pouco sobre o panorama político do Estado. Achei graça e adorei quando ele contou que na semana passada colocou o jornal O Sul em baixo do braço e mostrou a propaganda do nosso programa para os seus amigos e parceiros políticos.
Cheguei em casa, coloquei tênis, vesti um abrigo e um boné e fui caminhando até o Parcão. A temperatura estava perfeita, nem quente nem frio - o outono é uma das melhores estações, para mim só perde para a primavera, que é maravilhosa. Caminhei muito e numa das minhas voltas pelo parque, passou por mim um amigo empresário que gritou: "Mônica, escutei o programa e gostei, quero patrocinar, me procura!" Eu fiquei bem contente e prometi entrar em contato. Não vou dizer o nome, porque primeiro vou fechar o apoio, pois sou das coisas certas. Depois de caminhar, alonguei sentindo aquele cheiro de verde e escutando o canto dos passarinhos. Sentei na grama em frente ao lago e fiquei observando as tartarugas e os patos. Um cenário paradisíaco! Voltei para casa, tomei um banho, vesti uma calça jeans e camiseta e fui almoçar no Gambrinus no Mercado Público. Antes, dei uma volta para apreciar as tradicionais bancas, que tem variedade e qualidade de produtos. Queria comprar uns molhos de macela, que lembra a minha infância e são um tradicional e indispensável símbolo da Páscoa. E não há como não me lembrar: nas manhãs das Sextas-Feiras Santas, meus pais nos levavam para colher a florzinha de macela. Eles acreditavam que elas tinham propriedades curativas especiais, então, era importante ter o chá de macela em casa. Era uma festa esse dia, pois íamos para a estrada de Viamão e lá passávamos horas nessa empreitada gostosa. Meu pai tinha uma kombi cinza e branca, totalmente remodelada na parte interna para levar os sete filhos. Os bancos, em vez de um atrás do outro como o normal, ladeavam a lataria do carro ficando um espaço no meio com uma mesa para jogarmos cartas, damas ou memória. Tinha também uma pia com armário no canto e não havia porta malas, todas as bagagens eram amarradas em cima do carro. Mais parecia um ônibus, que transportava aquela prole numerosa.
Bem, voltando ao Mercado Público, constato que é um tipo de estabelecimento que eu adoro. Sempre que viajo, incluo-os nos meus roteiros de visita nas cidades, pois sempre dizem muito da cultura do povo.
Fiquei fascinada com a Feira do Peixe que acontece do Mercado. Balcões super organizados para a venda de peixes crus e pessoas comprando para levar para casa. O ponto alto era o tanque de peixes para o cidadão mesmo escolher qual levaria. Isso me lembrou o Mercado Público de Valência na Espanha, que é lindo e funcional. Ah, tinha também umas bancas assando peixes na taquara para o pessoal comer ali mesmo. Bah, uma fila enorme de crianças, pessoas de idade e famílias aguardando pacientemente a sua vez, de tanta procura pelo produto. Feito o passeio, eram 13 horas quando sentamos no restaurante Gambrinus e logo um casal simpático veio até a nossa mesa. A senhora, muito falante, foi logo dizendo; "Sou  Dóris Daudt, você não me conhece, mas eu a conheço e quero saber porque estás saindo da política?" Refeita da surpresa, eu me levantei da cadeira para demonstrar meu respeito a dona Dóris, que parecia ter guardado por um bom tempo aquela pergunta, como se soubesse que um dia me encontraria para fazê-la. Segurando a sua mão e olhando nos seus olhos, expliquei que não tinha saído da política, apenas mudado a forma de atuação, pois agora era jornalista dessa área.  A gentil senhora, meio desconfiada, perguntou o que isso significava e eu disse que, através da informação, ficaria em contato com o Rio Grande do Sul. Constatado que havia satisfeito a minha mais nova amiga, porque ela abriu um sorriso largo e me apresentou o irmão, Hugo Hartz, que lhe fazia companhia. Recebi um abraço afetuoso com a declaração de que, a partir de segunda-feira, eles seriam meus ouvintes no Pampa Bom Dia. O garçom, Sérgio Pereira, atento aos clientes que estavam sob a sua responsabilidade, vendo que a senhora e eu tínhamos encerrado a conversa, se aproximou com o cardápio e eu pedi um peixe linguado a Bell Munier que estava dos deuses. O Gambrinus é famoso pela deliciosa gastronomia de frutos do mar. O  atendimento é rápido e demora o tempo certo para se degustar um bom vinho com salada de bacalhau. Essa casa tem 121 anos de tradição e excelência em tudo. Os meus almoços com a família no centro da cidade são sempre no Gambrinus ou no Plazinha. A melhor feijoada da capital é do Plazinha que acontece aos sábados no inverno. Claro que só vou quando não tem os almoços na casa dos meus pais que são um compromisso imperdível. Daqui a pouco vou sair para procurar caqui que é minha fruta preferida. Mas não é esse caqui sem gosto que tem nos super mercados. É um achocolatado muito gostoso. Acho que procurar o tal caqui vai ser uma bela empreitada. Depois eu conto.
Tainha assada na Praça Glênio Peres

Tanque com peixes

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