domingo, 20 de março de 2011

Torcida em família

Na sexta-feira a tarde quando cheguei em Gramado, chovia forte e fazia muito frio. Logo me dei conta que a minha mala estava equivocada, porque não havia colocado nenhum blusão de lã, afinal ainda estávamos no verão. Por sorte, na hora em que a Gilda – minha super e querida secretária do lar - me ajudava a colocar as coisas dentro do carro, enquanto eu passava para ela as coordenadas da casa, cachorros e o rapaz da piscina que viria no sábado colocar uma lona, peguei um casaco de capuz que estava pendurado no cabideiro que tenho bem na entrada de casa e foi o que me salvou da baixa temperatura que peguei na serra. À noitinha, o Felipe, a Duda, o Marcelo e a Fernanda chegaram e fomos para o restaurante “Cantina do Nono” comemorar o aniversário do Alexandre. Nós sabíamos que essa seria a única hora certa de lazer, pois no sábado o tempo seria todo dedicado à competição classificatória para o mundial de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Caso os guris ficassem para as finais, o mesmo aconteceria com o domingo. Então, entramos no sábado de manhã no Centro Municipal de Esportes José Francisco Perine e saímos de lá tarde da noite. Fiquei impressionada com o local, que foi cuidadosamente organizado para o evento, que recebeu 900 atletas do Brasil. A equipe de trabalho se dividia em grupos de jovens vestidos com camisetas amarelas, pretas e brancas. Cada cor era responsável por uma função no campeonato. Os juízes que avaliaram as lutas usaram roupas pretas com a devida identificação. Havia um tatame colorido no chão, na extensão de quase todo o centro esportivo e, ao redor, telas separando e protegendo o local das lutas e a plateia. Numa parte mais elevada, tipo um palco, havia uma grande sala vip com sofás, poltronas, mesas e garçons servindo salgadinhos quentinhos, bolos, tortas e sucos. Não vi ninguém do Governo do Estado e lastimei por isso, visto que deveriam prestigiar os nossos atletas que competiam e os organizadores da seletiva com sede em Gramado.  Vi foi o Secretário de Esportes de Manaus que estava presente e articulou com o Fernando Paradeda - responsável pela seletiva - para levar alguma etapa a Manaus. Incrível isso, não? Juro que não entendo nossos governantes. O Xeique de Abu Dhabi manda buscar professores de jiu-jitsu gaúchos para dar aulas à gurizada de lá porque quer tirá-los da frente dos computadores e o resultado do esporte é tão positivo, que ele estende aos integrantes da Polícia e do Exército dos Emirados Árabes. Hoje, eles praticam essa luta sob a orientação de professores gaúchos. É aquela velha história que conhecemos tão bem: a nossa gente é muito bem aproveitada, mas lá fora. 
Quando cheguei no centro esportivo, meus olhos procuraram o que encontrei à esquerda, mais em baixo de onde eu estava, que eram três moças e um rapaz de branco. Era o médico e as enfermeiras a postos para qualquer situação de emergência. Também vi que na porta lateral tinha uma ambulância estacionada com motorista. Apesar de eu ter plena consciência da importância dessa medida de cuidado, estava com o pensamento positivo de que a seletiva transcorreria sem problemas dessa natureza. As lutas começaram e o Felipe foi chamado. Depois o Marcelo, que lutou quase no final do dia. Foram horas intermináveis que passei olhando meus filhos lutarem. Comecei assistindo na sala vip, sentada numa poltrona, e terminei no chão onde as lutas aconteciam. Deve ser instinto de mãe, algo muito forte que leva a gente para o lugar certo na hora exata. Assim, acompanhei todos os momentos maravilhosos que tiveram e os não tão maravilhosos também, pois cada etapa era um desafio. Para mim, o mais importante era estar por perto, independente dos resultados.Quando o Felipe ganhou de um campeão de judô, foi uma festa. Depois, quando ele teve que tomar uma importante decisão, o Marcelo e eu estávamos ao lado dele. É que o Felipe ganhou a primeira e a segunda luta e perdeu a terceira. Ficou para as finais, mas decidiu não participar por causa de um mal jeito que deu no pescoço. Ele tinha que optar em continuar lutando para essa classificação de Abu Dhabi ou não lutar e se recuperar para competir no Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu, que será em San Diego, na Califórnia. Eu saí de lá muito orgulhosa do desempenho dos meus filhos. Gostei de ver o equilíbrio deles em momentos de grande estresse. Me admirei da decisão ajuizada do Felipe, mas confesso que por vezes fiquei com o coração apertado e segurei firme na minha medalha da Nossa Senhora das Graças, que é milagrosa. Depois, vou postar umas fotos que tirei desse fim-de-semana movimentado em Gramado.

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