quinta-feira, 3 de junho de 2010

Contra a natureza

Se me fosse dado o poder de criar uma lei universal, eu impediria que pais enterrassem filhos. Penso que nessa vida nada é para sempre, tudo pode ser substituído, começando que relacionamentos podem ter seu tempo de validade, separações acontecem, amores e desamores causam felicidade e tristezas que administramos com equilíbrio e sabedoria.Tenho por princípio não julgar ninguém quando se trata de sentimentos, porque isso não é pré-estabelecido, ninguém determina, simplesmente eles acontecem. Na minha família, onde somos em sete filhos, tivemos cinco separações e novos casamentos. Isso aconteceu num curto espaço de tempo e pegou meus pais de surpresa, principalmente minha mãe, que é muito religiosa e, portanto, casamento para ela é para o resto da vida. Eu costumava brincar com a minha mãe, dizendo que até na religião católica tem renovação e que nas famílias também acontece o mesmo. Mas, para mim, tem algo que é para sempre: os filhos. Cada um do seu jeito é único, especial e insubstituível. Com isso eu quero exteriorizar minha inconformidade e dor quando vejo pais enterrarem seus filhos. Isso deveria ser proibido, pois é contra a natureza. As coisas aí estão invertidas e muito erradas, confesso que tenho dificuldades de entender essas perdas precoces. É um momento de grande indagação que faço perante Deus. Por que as mães que concebem vidas, tem que perdê-las no curso da sua curta existência? Aqui está um tema que mexe demais com meu coração de mulher e mãe. Falo isso hoje por causa da morte de Ricardo Seibel Freitas de Lima, um jovem de 35 anos, inteligente, educado, culto, afetivo e brilhante na sua vida pessoal e profissional e que só deu orgulho para seus pais, Suzana e Raul Régis. Fiquei muito sentida com a perda do filho desse casal amigo. Hoje, às 9 horas, eu deveria estar em Capão do Cipó para a abertura da feira daquele município. Eu havia confirmado minha presença dias atrás. Quando soube da morte do Ricardo e, mesmo triste, pensei em cumprir essa agenda, mas não consegui, pois com o passar das horas, meu coração ficou apertado e senti vontade de estar perto deles nesse momento doloroso de suas vidas. Já deixei de comparecer a muitas festas da minha família e de amigos por causa de compromissos no interior porque até posso abrir mão dos momentos de alegria, mas não consigo ficar longe numa hora de dor como essa que meus amigos estão passando. Recordei dos nossos veraneios em Torres com as crianças. Nossas famílias foram as primeiras veranistas daquela praia e ficávamos lá de dezembro aos primeiros dias de março. Logo me veio na memória que eu, a Suzana Seibel e a Ângela Las Casas fomos as primeiras meninas da praia, do Leopoldina Juvenil e do Colégio Bom Conselho a casar. Nós tínhamos algo em comum: casamos com 17 anos e logo tivemos filhos. Enquanto nossas amigas saíam para festas, namoravam e viajavam, estávamos envolvidas com fraldas e mamadeiras. Éramos felizes com nossas crianças a tira colo! Sim, eles davam trabalho, e muito, mas bastava chegar o sono que o berço era o local seguro e isso nos dava o descanso merecido. Ricardo era neto do medico Raul Seibel já falecido. O Dr. Raul foi pediatra dos meus filhos e salvou minha filha Juliana quando bebê e devo a minha vida a esse médico. 

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