domingo, 23 de abril de 2017

Vamos nos permitir


Espontaneidade. Está aí uma palavra, ou melhor, uma característica que faz parte da minha vida e que admiro nas pessoas com quem me relaciono. Na política, espaço para muitos subterfúgios, meus posicionamentos não são tomados para agradar ou desagradar alguém. São tomados seguindo as minhas próprias convicções, de forma direta e verdadeira.
Ser espontâneo é expor, sem medo, opiniões, valores e atitudes, mesmo correndo um risco maior de sofrermos avaliações alheias a nosso respeito. A muitos, a espontaneidade incomoda.
Tem gente que não se permite ser espontâneo, por escolha própria, talvez como uma forma de defesa. Até namoro a espontaneidade acaba. Às vezes, quando um dos dois é mais contido, não é nada fácil conviver com a intensidade de um espontâneo. Isso aconteceu com uma amiga. O namorado interpretou seu jeito, sua vontade de querer saber dele, sua empolgação com as coisas que fariam juntos, como algo invasivo, ou, “um pouco demais”.
Mas, saiba esse namorado, que a espontaneidade é a harmonia, o equilíbrio e a liberdade de ser quem se é. É algo naturalmente presente na infância, quando não há o excesso de tarefas e atribuições cotidianas, os compromissos profissionais e o exercício dos inúmeros papeis que vamos assumindo no desenrolar da vida. Parece que, ao virarmos adultos, perdemos muito da nossa espontaneidade e vamos, mesmo sem querer, sendo o que os outros esperam de nós, vivendo exigências sociais que não são nossas, nos encaixando em figurinos que não nos cabem, nos retraindo, “deixando pra lá”, perdendo também um pouco de energia, de vigor e de sinceridade.
Eu, no convívio com as minhas crianças, que são as minhas netas, de sete, quatro e seis anos, vejo esse sentimento tão bonito aflorando durante todas as brincadeiras, nas perguntas que me fazem, na relação entre elas, no modo de agir e demonstrar afeto. Ninguém precisa ensinar uma criança a ser espontânea, ela é, e pronto. O espaço para a surpresa, para o encantamento e para a alegria está sempre ali.
Creio que ser espontâneo, ou, se manter espontâneo ao longo do tempo também tem a ver com estar equilibrado emocionalmente. Isso é um constante exercício que precisa de mais um ingrediente: coragem. Quanto mais donos das nossas ideias, quanto mais autênticos, inteiros, autoconfiantes de nossas competências e capacidades, e conhecedores de nós mesmos, mais livres seremos para expressar nossos pensamentos e sentimentos.








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